O CEDD e a revelação de uma realidade
Após estudar por dois anos num colégio particular em Dias D'ávila, 1º e 2º anos do segundo grau, nos idos anos de 1997/98, uma crise financeira atingiu meu pai, que se viu obrigado a me matricular em um colégio estadual. Naquele momento, por vários motivos, me lamentei por, na minha concepção, só existirem escolas para bolso cheio ou para bolso vazio. Para entender isso preciso explicar minha origem sócio-econômica e a minha jornada até essa reflexão : vim de uma classe média humilde, em que estudei todo o primeiro grau na mesma escola municipal. No entanto eu percebia que eu tinha um poder aquisitivo ligeiramente superior ao da maioria dos meus colegas . Alguns também desfruetavam dessa condição mais próspera, mas eu sempre fui muito simples, durante minhas temporadas na querida Anfrísia. Infelizmente, após sucessivos desmandos e fiascos administrativos houve um imenso declínio da qualidade e quantidade nas aulas do ginásio em comparação com o primário - quando somente uma professora lecionava. Foi um absurdo. O que outrora foi uma ótima escola, com períodos de aulas cheios e de nível comparado à rede privada, a partir da 5º série se tornou um festival de aulas vagas e de professores medíocres, de modo que ao fim da 8º série senti necessidade de de mudar de ares. Fui matriculado no CEDD (Centro Educacional Dias D'ávila), a supracitada escola particular. Lá vivi duas situações distintas: a primeira, muito positiva, foi a grande elevação do patamar de ensino comparado ao da escola pública, o que mudou pra sempre o meu ritmo de estudo. A segunda foi um drama social: o que antes era uma ligeira superioridade financeira se tornou uma considerável inferioridade, que me causou muito desconforto na convivência. Se tratando de senso de pertencimento, eu estava muito mais familiarizado com a antiga instituição. Diria que os dois anos na escola particular foram um período de estresse elevado e de contínua provação à minha personalidade, onde, vendo os demais alunos ostentando vestuário renovado e sendo abastados o suficiente para pagar o lanche na cantina todos os dias, eu, que usei o mesmo par de tênis no biênio, e que tinha a modestíssima mesada de trinta reais, fiquei tão acanhado que acredito que não fui aprovado no teste de estrutura psicológica. Voltar para a escola pública foi um grande alívio para minha alma, mas a imensa defasagem entre o nível do ensino público e privado me fez desejar fortemente que existisse um meio-termo. Uma escola particular com preços populares seria a realização de um sonho pra mim. Em vários sentidos: Nível de ensino superior ao público, uma adequação sócio-econômica perfeita e alunos razoavelmente qualificados e de pretensões medianas. Tudo que eu, muito bom aluno, mas pouco ambicioso, necessitava. Hoje, vendo os "Hapividas" da vida oferecendo seus serviços médicos bem mais ou menos, com preços convidativos para a baixa classe média, penso se não seria possível surgir algo semelhante no universo da educação proporcionando uma rampa de acensão e principalmente, de adaptação e conforto ao invés da falésia que atualmente existe... Para todos os bolsos.
Comentários
Postar um comentário